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A mostrar mensagens de julho, 2014

Sempre a pensar, para quê

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Eu antes destes dois namorados, já dera uns beijitos, o primeiro até foi a um rapaz por quem eu me achava apaixonada. Mas era sempre como se fosse a primeira vez que se fuma um cigarro, uma coisa estranha e sem grande interesse. Aliás eles fumavam e eu não apreciava o sabor....Então aquele que cheirava a Feno de Portugal...bolas, que cheiro.  Depois o tal " Rui " chamemos-lhe assim, acendeu em mim como se fosse a luz de uma alma gémea. Mas não me despertou os sentidos, a ponto de me querer " entregar ". Naquele tempo os preservativos compravam-se na farmácia e era embaraçoso lá ir e havia aqueles que diziam que " sabiam fazer " o que significava tirar a tempo. Eu não ia nessas cantigas. Tinha lá em casa o sobrinho a provar que os acidentes acontecem, mesmo já namorando aqueles dois há 5 anos, quando aconteceu.  Agora à distância, penso que a relação do Rui com a namorada mistério era mais "encontros amorosos " que namoro. Ela era mais velha e

Parte IV

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A vida continua e eu , um mês de fac. e já andava acompanhada por uma colega, que morava para os meus lados e apanhávamos o mesmo autocarro. Ela também cortou o cabelo à Madonna e formamos o grupo necessário , se uma faltava a outra tinha apontamentos. Porque o ambiente era hostil, ninguém emprestava nada, só se fosse para fotocopiar logo ali....muita competição . Turmas enormes, anfiteatros. Alguns rapazes e nem sequer eram gays. Esses deviam ir para Turismo. Continuando, a saga dos namorados, a minha amiga ( a da Praia, a Ana, digamos ) , encantou-se lá com um que era amigo do irmão, e arranjaram um encontro, mas para disfarçar levaram ambos os melhores amigos. Eu e um Paulo, que também era do Técnico. Embirramos um com o outro logo, ele era atlético e eu era intelectual ( achava eu ), ele falava de Frank Zappa e eu de nada. Não sei como , vi-me envolvida numa combinação de um jogo de andebol , em que era suposto eu ser suplente, a minha amiga queria jogar. Lá fui eu com os cock spo

parte III

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Namorada ou não, fomo-nos conhecendo e quando foi a minha festa de anos, ele pediu-me namoro. Pediu mesmo, saimos do restaurante e ele disse que podiamos andar....A namorada foi despachada , segundo ele. Era muito romantico e apresentei-o lá em casa, até a minha avó gostou dele, comentou comigo que " os jovens de hoje fingem ignorar os velhos, mas ele não , esteve a falar comigo ". Penso que ele o fez porque foi criado pela avó, que morrera há poucos anos, os pais trabalhavam ambos e a avó fazia as comidas que ele gostava e dava-lhe mimo. A mãe e o pai dele viviam um bocado um para o outro, uma vez, fui a casa dele e ela embirrou instantaneamente comigo, tratou-me por " você " e começou a falar de literatura humanista francesa, eu disse que o meu pai é que gostava do " Livro de st. Michele " etc, eu era de Literatura Inglesa e Português. E virei-me para o pai dele que era natural de uma terra ao lado da terra dos meus avós ( da minha mãe), e sim, também co

Analepse II

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Outra coisa que fazia se voltasse atrás, era a minha escolha de namorados.  Eu tinha ( e tenho ) uma amiga que passava os fins de semana com os pais na Costa da Caparica, numa zona de casas (vivendas). Ela já tinha amigas, um grupo, e levava-me com ela muitas vezes, ou no verão, eu ia lá ter de camioneta. Como ela tinha irmãos, havia rapazes também, e a certa altura apareceu um novo, a morar numa casa perto. Não era muito comunicativo, uma vez elas perguntaram-lhe como se chamava, enquanto ele regava o jardim e respondeu " Caboca " ( foi o que perceberam ). E ele passou a ser o Caboca. Depois os irmãos dela conheceram-no e ele apareceu na praia, afinal tinha nome. Era alto e interessante, falava muito depressa e de tímido passou a brincalhão. O mais chato era ele ter uma namorada, que nunca aparecia, era da turma dele , nesta altura 12º ano. Houve ali abordagens de todas as meninas do grupo, mas ele levava tudo para a brincadeira. Isto o que a minha amiga me contava, eu só o

Analepse 30 anos

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Eu costumo pensar no passado com nostalgia, as amizades, os primos, as tolices em casa dos avós, a praia de Mira enorme onde se jogava ao mata com um ringue que magoava quando nos acertava....  Ringue, deve haver quem não saiba o que era; era uma argola de borracha, geralmente dura, que se atirava de uns para os outros, com a mão, quem deixava cair perdia. Parece que desapareceu. Assim como os pregos, eram mesmo de ferro e compravam-se nas lojas de ferragens, jogava-se na areia molhada, num circulo, dava saltos mortais no ar, tinha de cair de bico. Deviam ser brinquedos perigosos.  Ontem pus-me a pensar que se pudesse mudar algo no passado, mudava. Se houvesse uma máquina do tempo em que eu pudesse entrar, não esquecendo quem sou hoje, passava um ano no passado.  E o passado era o meu primeiro ano de faculdade.  Por exemplo, em casa, não me fechava tanto no quarto. Nessa altura a minha irmã vivia lá com o meu sobrinho de um ano e o meu cunhado vinha aos fim de semana e era uma con

Assaltos em Lisboa

A minha UNI 1 (17 anos ) foi à praia da Parede com quatro amigas, hoje. De autocarro até ao Cais de Sodré e depois de comboio. Bem, cerca das sete horas, ouço tocar a campainha lá de baixo, imenso, e era ela " anda cá, assaltaram-me ! " . Calcei-me e desci, lá estava ela de chinelas de praia e sem o saco. Que um xungoso de boné a seguira do autocarro até casa e ali na entrada lhe pedira o telemóvel. Ela não deu e ele arranhou-a e mordeu-a e ela deu-lhe pontapés e caiu e ele fugiu com o saco. Ela foi a correr atrás dele e viu para onde ele fora. Ok, lá vou com ela ver se encontro o tal rapaz, que vinha com a namorada no autocarro . Nas traseiras dos prédios há relva e logo encontrei a saca dela, com tudo menos o telemóvel. Nem levou a carteira. Ainda dei uma volta por ali, estava tão irritada que se o visse era capaz de ir ter com ele e abaná-lo até devolver o telemóvel. A minha filha também estava irritada, em vez de medrosa. O telemóvel pagara-o ela, com dinheiro dos avós e

Os Meus Passos

Era uma vez um rapaz que morava no bairro da lata e que ia a caminho da escola. E ouvia os sapatos baterem no alcatrão e dizia para si: ai passos tão tristes, passos pequeninos e a escola é tão longe ! Quem me dera que fosse um gigante !  E depois passou perto de um velhinho com a cabeça abaixada e perto de uma mulher tão triste a vender castanhas assadas.  E a mulher perguntou-lhe : porque vais tão triste, pequeno ?  Porque os meus passos são muito pequeninos e a escola fica muito longe e a minha mãe é muito pobre.  E ela disse-me : eu também sou tão pobre mas toma estas castanhas quentinhas e estes dez tostões e vai no autocarro.  Eu agradeci muito e quando entrei no autocarro fui logo para a janela ver as estradas. Parecia que as searas cheias de papoilas encarnadas se gastavam depressa, e os bois a pastarem a erva muito verde, e as mulheres a irem para a fábrica e os pássaros no céu.  E eu gritei : só agora reparo que é primavera ! Ai como é bom andar de camioneta: não se gastam so

Conto de Terror

O tão temido dia da ida ao dentista era sexta, mas foi antecipado para hoje, o dr. teve uma desistência.  Às 17 h já estava , ligeiramente ansiosa, mas não tomei nada, não fosse interferir com a anestesia dele.  Eu ia com um vestido com tons de laranja, a condizer com o polo dele, hoje sem bata, parece que o polo laranja é o uniforme deles. A assistente, muito maquilhada e russa (ali todos têm sotaque), perguntou-me se eu lanchara e eu disse que não, depois ele veio, com a sua franja negra, e eu " chegou o meu torturador ".  E ele sem rir, " cheio de calor ". Não sei porquê, estavam uns 35 graus lá fora. Ela disse " a sra. não lanchou " e ele " ah não ? então porquê ? ", " não tinha fome " disse eu. Depois destas amenidades mandaram-me deitar , puseram-me um papel e bochechei um produto, e ele disse que iamos tirar o dente e depois extrair o tumor. E eu " não era um abcesso ? ", " sim, isto é só a linguagem técnica "

Morreu a autora de Adrian Mole

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Já li e reli " Os Diários de Adrian Mole ", os primeiros quando saíram e os outros à medida que iam saindo. São de Sue Townsend que faleceu recentemente, aos 68 anos. Escritora inglesa de Leicester, foi mãe de quatro filhos e assistente social. O seu primeiro livro foi escrito aos 37 anos e meio ( como ela dizia ) e era o diário de um rapazinho, Adrian Mole, de 13 anos e meio. É uma crítica hilariante dos anos de crise e despedimentos da Grã Bretanha, anos 80, visto pelos olhos de uma criança que só está preocupada com as suas borbulhas e o crescimento do seu pénis. Adrian vai-se relacionando com os vizinhos, de classe média baixa, os idosos que vivem abandonados ( como parte de educação cívica cada um tem de servir a comunidade e a ele calha-lhe um irascível velhote, com uma casa imunda e um feroz pastor alemão ) , os professores, à beira de um ataque de nervos. Comprei, sem saber que morrera, o último livro, " A Mulher que decidiu passar um ano na cama " , e

Alemanha - Brasil

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Parece que a Alemanha venceu o Brasil 7 a 1 ? Ufa, deixámos de ser os coitadinhos que levaram 4 em cima. Eu vi os golos, eles realmente são determinados. Porque é que ligamos a estas coisas ? Porque há muito dinheiro envolvido, muitas camisolas que se vendem e bilhetes e estádios. E as pessoas podem reunir-se a ver nos cafés e nos Fun Park. Hoje as pessoas são muito individualistas, estão na sua casa. com a família, não há muitas coisas que unam multidões. É o futebol e a política. Quando as coisas apertam, lá vão os professores manifestar-se na rua, ou os operários no desemprego dos estaleiros. Também há os concertos de verão. Eu antes ia aos do Avante. A sério, na Ajuda, e depois lá no outro lado. Na Ajuda ainda era bonito, no outro lado era uma poeirada. Eu gostava das tendinhas das comidas e das coisas regionais. Até comprei um porta chaves com a imagem do Che Guevara. Eu fazia coleções de porta chaves.... Era quando eu não era tão individualista.

Mais uma no Lar

Hoje teve uma certa graça. fui ver a minha mãe  ao Lar e ao subir as escadas ( eles têm dois elevadores de hospital , mas prefiro as escadas ) torci um pé nas escadas e espalhei-me ao comprido.  Não me magoei, excepto no tornozelo. Começou imediatamente a inchar e senti-me enjoada e com a sensação de ver tudo turvo, talvez por me levantar demasiado depressa.. Logo à frente estava a enfermeira nova ( é nova lá e nova em idade ) e disse-lhe o que se passara, mostrei o tornozelo e ela " ah, que coisa..." e foi-se embora ! Há pessoas que realmente têm uma vocação para a profissão! Fui a coxear até ao quarto da minha mãe e estavam lá duas auxiliares e imediatamente se ocuparam de mim. Mandaram-me sentar na sanita e por a água fria a correr sobre o pé, no bidé. A minha mãe ia lanchar lá baixo e perguntaram se eu queria ir na cadeira de rodas dela. Ah, ah, não, pode ir ela. Chegámos lá baixo e as auxiliares de lá, de novo me perguntaram o que me acontecera e uma mandou-me por o

The help

As Serviçais, como traduziram o livro e filme em português. Li o livro primeiro e fartei-me de chorar. Já o filme , achei mais cómico que trágico. Cortaram as partes piores , os linchamentos dos negros, etc....mas não foi por isso que chorei. Acho que as mulheres (mães ) se identificam todas, bem as mais sensíveis, com a história. Porque as serviçais não são as negras do sul da américa , nos anos cinquenta, são todas as mulheres. Até os pais. No fundo, dedicamo-nos à família, aos filhos, e passados uns anos, é como se não valessemos nada..... Já dizia o Óscar Wilde, no " Retrato de Dorian Gray " , " os pais, começamos por adorá-los, depois julgamo-los e mais tarde, por vezes, perdoamos-lhes.....". E só compreendemos isto quando somos, também, pais. Não há volta a dar-lhe, eu só considero adulto, quem passou da condição de filho, a pai. Quem andou uma milha nos sapatos da outra pessoa. Ainda agora, culpo o meu pai por nunca me ter deixado ter um gato, em Lis