Analepse 30 anos

Eu costumo pensar no passado com nostalgia, as amizades, os primos, as tolices em casa dos avós, a praia de Mira enorme onde se jogava ao mata com um ringue que magoava quando nos acertava.... 
Ringue, deve haver quem não saiba o que era; era uma argola de borracha, geralmente dura, que se atirava de uns para os outros, com a mão, quem deixava cair perdia. Parece que desapareceu. Assim como os pregos, eram mesmo de ferro e compravam-se nas lojas de ferragens, jogava-se na areia molhada, num circulo, dava saltos mortais no ar, tinha de cair de bico. Deviam ser brinquedos perigosos. 
Ontem pus-me a pensar que se pudesse mudar algo no passado, mudava. Se houvesse uma máquina do tempo em que eu pudesse entrar, não esquecendo quem sou hoje, passava um ano no passado. 
E o passado era o meu primeiro ano de faculdade. 

Por exemplo, em casa, não me fechava tanto no quarto. Nessa altura a minha irmã vivia lá com o meu sobrinho de um ano e o meu cunhado vinha aos fim de semana e era uma confusão, com o meu pai a interferir na educação do miúdo, a minha mãe a ralhar com a empregada por só passar fraldas e deixar a nossa roupa para trás. O meu sobrinho batia com as mãozitas na porta do meu quarto para entrar e eu geralmente deixava, e ficávamos lá os dois no chão, a brincar com as minhas bonecas e livros. Outras vezes, digo-o com vergonha, não o deixava entrar. Ele andava sempre à minha procura e eu nem sempre tinha paciência.  Andou até aos vinte anos a chamar-me " titi ". Agora penso que gosta mais do tio do lado do pai, nem se lembra dos anos que passou comigo a ler-lhe histórias.....Vai-se casar, desejo-lhe sorte, também me casei aos 33 anos.



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