O meu nome agora é Maria...

Parece que começou o Outono. Será? Hoje está para a chuva, chuvisco. Os miúdos foram para o pai e eu entretive-me a limpar a casa e passar douas ou três coisas a ferro. Daqui a bocado ou vou ver a minha mãe com a minha irmã ou vou ter com a amiga. Embora não me apeteça sair. Ando a ler aquele livro do " O Ladrão que estudava Espinosa" e embora não seja muito interessante, é o suficiente. Os livros estão tão caros...vou passar a comprar só livros de bolso em inglês ou francês. Custam metade e é melhor ler na língua original. Ainda não recebi o subsídio, pois aquilo tem imensa burocracia. Faltava-me apresentar o IRS do ano passado, pois estou inscrita como trabalhadora independente, apesar de não ter feito nada ( e se fizesse não passava recibo, lol). Mas claro, lá lhes apareceu que estou inscrita como tradutora/explicadora...E tenho de preencher outro papel com a segurança social dos filhos e nº de contribuinte, devem querer saber se recebo subsídios deles... Não me lembro de...

Dispensava a Soraia Chaves, de óculos, meia nua, a acolher os alunos na sala de aulas. Assim como assim, já recebo alguns assobios quando me viro para o quadro a escrever. Imagino-os agora a perguntarem se tenho Vodafone....Não fui colocada, mas os alunos do ano passado de certeza que me perguntavam o que acho do anúncio. Foleiro, machista, sem sentido.

Antigamente a questão de namorar era mais complicada. Viam-se imensos jovens aos beijos na rua, pois em casa era impossível. Havia a mãe doméstica, a avó, os irmãos, a empregada. Se levavamos alguém a casa, para o nosso quarto, a porta tinha de ficar aberta, e se não, íam contar... depois íamos para casa de amigos em grupos, e criávamos manobras de diversão, enquanto os namorados se enfiavam no quarto. Se a mãe se aproximava alguém os ía avisar. E nas festas, os pais tinham o costume de ir espreitar. Estavamos na garagem de uma amiga, de tarde, a dançar slow, aparece o pai dela, e o slow era um bocado parado...o dela. Quase acabou logo ali a festa, com um pai indignado por ela dar "aquele exemplo ". Havia então a hipótese da rua, do carro, do jardim, mil lugares perigosos e emocionantes. Uns amigos meus foram apanhados e levados para a esquadra. Identificados e ameaçados de chamarem os pais. mas lá os deixaram ir, com uma admoestação... eu uma vez, também estava numa discotec...

É mesmo o fim das férias, os super estão cheios de gente queimada e de roupas de praia e chinelos. Eu ainda estou queimada, mas já estava de jeans e blusa e levei um carrinho pois tinha de comprar sem falta areia para os gatos, comida para os gatos, água, pão, comida para os miúdos que vêm hoje. As caixas estavam cheias de gente, menos uma que era a de prioridade dos deficientes e grávidas e decidi arriscar. Percebi logo porque estava com menos gente. Tinha um casal, com filhos e avó, com toneladas de coisas, uma atrás de mim comentou que gastam o que ganham num mês, em comida para uma semana, mas realmente aquilo era incompreensível, tinham algum restaurante? Eram uns seis sacos de croissants, será que os íam congelar? e eram daquelas pessoas que estão todas enervadas e discutem um com o outro, por isso, logo que abriu uma caixa ao lado, mudei para lá. Pensei, "isto é gente ali do bairro" (um bairro de realojamento de barracas), e depois, quiseram factura (claro...), já esta...