Parte 2

O segundo casamento não aconteceu. Não refiz a minha vida, que cliché tão infeliz.

Não penso muito no passado, excepto quando estou com amigas ou família que não vejo há tempos.
A maior parte das vezes que tenho insónias começo a reviver todos os acontecimentos infelizes ou incómodos, e depois, sonho com algumas pessoas do passado.

Na parte 1 do meu blog, começo a contar a minha nova vida, pós divórcio, mudança para uma nova casa sozinha com os dois filhos, uma gata e uma cadela, pretas. As minhas idas a passear a cadela e a fazer amizades com os passeadores de cães. As minhas idas a levar os dois filhos à escola da Expo e como ficava no café a falar com as outras mães e como ia com uma delas ao ginásio, dois dias por semana e estava bastante em forma. Estava também cheia de dinheiro pois vendera a casa de Carcavelos e recebera algum de metade da casa da Expo, que cedi ao ex. Só que comprei a nova casa, não sobrou assim tanto. Dei explicações num centro, de inglês, depois fiquei colocada dois anos a dar aulas de inglês. A forma como tive de articular o tomar conta dos filhos e ir dar aulas, o levar à avó e ir buscar quando voltava. Um breve romance com um dos professores , um ano mais velho que eu.

Não andava com depressão, tinha era crises de ansiedade, quando as coisas não me corriam bem. A minha vontade era fugir, correr, não voltar...Sobretudo nas aulas, onde as professoras efetivas me ignoravam e eu era amiga das "provisórias" como eu, apesar de ter a idade das efetivas.

Mas quando uma pessoa se divorcia, vem um vento de liberdade e novas oportunidades, que nos faz distanciar dos casais estabelecidos e dos empregos estáveis e antigos, e eu com a roupa e a personalidade, sentia-me bem com elas. E estava magra como disse. Claro que o meu magra de 47 anos eram 55 quilos e com 55 anos agora tenho 65, também não estou assim tão mal.

Depois de ter desistido de concorrer às aulas, depois de ter ido a uma psiquiatra que me disse que eu deveria procurar algo que me desse prazer fazer, trabalhei como Costumer Service Representative na língua francesa. Trabalhar num escritório agarrada a um computador e a um telefone não foi o que eu mais gostei, mas não andava ansiosa, como me sentia ao ter as turmas defronte de mim. De qualquer forma fui dispensada, quando começaram a vir os filhos dos emigrantes franceses, que voltavam com medo do terrorismo em França.

Ainda trabalhei em mais dois sítios do mesmo género e depois resovi tirar aquele curso de recepcionista, que não terminei. Mais idas à psiquiatra e esta disse que o que me impedia de trabalhar era ter depressão crónica, não desistia por ficar deprimida, estava deprimida e isso levava-me a desistir.

Que bom. Mas com a sua medicação igual à anterior de quando dei aulas e mais uma para tomar à noite, fiquei equilibrada,  ou seja, não me importo de estar em casa, mas também não me importava de sair e ter um emprego.

Comecei a pensar nas coisas que gostava e sem dúvida que uma são os animais.  Além dos gatos, tive a cadela, dois ratos, inúmeros peixes de água fria... Como a minha gata mais velha começou a ter de ir ao veterinário, achei que o ambiente nos consultórios era simpático, pet friendly, as pessoas simpáticas. E como já tinha quase feito o curso de recepcionista, achei que então talvez auxiliar técnica de veterinário não fosse má ideia.

Fiz então a parte teórica e agora estou à espera da colocação em estágio curricular.



E eis aqui a Nikki com seis meses, mas ainda não consegue saltar para a banca...





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