Turismo protegido
Agora na época de Natal, com este clima seco, pouco frio e cheio de sol, estamos cheios de turistas de novo. Não se dá um passo na Expo Parque das Nações) ou na Baixa ou nos Restauradores sem vermos grupos deles. Normalmente estão a descansar na Padaria Portuguesa, de manga curta e mochilas ao lado. Andam energicamente a ver os monumentos que estão na lista do guia de Lisboa.
Agora têm os tuc-tucs que os assediam para levar aos sítios bons para fotografias, o miradouro de sta.Catarina, o Castelo.
Como residente em Lisboa, não vivo numa zona histórica. Mas já vivi na Expo, Parque das Nações.
Lembro-me de sair de manhã com as crianças de casa até ao centro comercial , onde estavam as lojas e o hipermercado e ser interceptada duas e três vezes por turistas a perguntarem onde era o Oceanário.
Há placas na rua mas são minúsculas as letras. Eu normalmente mandava-os pelo percurso panorãmico, " entra no centro comercial e vai sempre em frente, saindo na porta do outro lado para o exterior. Vê as bandeiras e segue em frente até ao rio e vira à direita, sempre em frente, até ver um edifício numa espécie de lago. É aí.". E pronto. E dizia em inglês ou francês, para praticar.
Compreendo por isso a irritação das senhoras do bairro da Sé , quando lhes perguntam coisas em espanhol. Primeiro porque são muitos e depois porque as estão a expulsar das casas por causa deles. Vivem em casa degradadas com rendas pequenas e os senhorios querem que elas saiam para fazerem obras e alugarem a estrangeiros. E depois porque não falam espanhol. Ninguém fala aqui.
Quando vou a Espanha fico sempre sobressaltada primeiro e seduzida depois, quando chego a um bar, café, restaurante, e o empregado me sorri , diz bom dia e me trata por tu "Olá, como estás? ". Fico a pensar que está enganado e pensa ,que me conhece de algum lado. Depois prossegue com "o que vai ser" e percebo que é a simpatia de um empregado pata um freguês. Coisa que não existe em Lisboa.
Trabalhamos numa empresa e vamos todos os dias de manhã tomar café ao mesmo sítio. Os empregados andam ligeiros de um lado para o outro e sem nos olharem são capazes de perguntar o que vai ser, um café dizemos nós, eles tiram dois ou três. distribuem-nos e aí dizem " e mais nada?" e nós " uma torrada", "um queque" uma sandes de queijo" e ele, sempre sem nos olhar grita para dentro " sai uma torrada e uma sandes de queijo" e dá-nos o queque. Há uns clientes que tentam fazer umas graças "o café é meio cheio" mas não leva troco. Antes se diziamos " Queria um café " por vezes gozavam connosco " Queria , já não quer? " o que é uma estúpidez, pois o uso do condicional e não do imperativo é uma forma de cortesia, que de certa forma substitui o " se faz favor".
No outro dia fui a uma livraria e o empregado estava imparável comigo. Comecei eu, ao vê-lo ocupado no computador " Posso fazer-lhe uma pergunta? " e ele " pode fazer duas, já fez uma..." e eu ri-me. " Queria um livro da Isabel Allende, o não sei quê de Ripley" e ele " já sei o que quer, é isso mesmo" e vai e traz-me " O Jogo de Ripper " e eu " ah, confundi com ...." e ele " O Talentoso Mr. Ripley" e eu "sim, da Patricia Highsmith (disse eu , não querendo ficar atrás). Depois pergunta-me se tenho cartão da livraria e eu disse que sim, mas não o tinha ali, queria o meu telefone? E ele " o telefone não, basta o numero" ah ah. ri eu de novo. " O senhor sabe sempre os livros todos disse -lhe eu ". " todos não, mas muitos ", " eu sou de literatura mas não sei se conseguia trabalhar numa livraria" e ele " eu de filosofia. é difícil, sim, sobretudo com algumas coisas..." e eu " os clientes?", " não, é com o comercialismo das políticas da orientação do patronato". OK, .... " e estes livros também são tão pesados, andar a arrumar isto..." disse eu prosaicamente...
Depois paguei e vim embora com ele a dizer, " volte sempre". Eu volto, ele é giro, com o seu cabelo comprido em rabo de cavalo e uns trinta anos...
Anyway. Conselhos aos turistas não acidentais:
Não andem por aí de manga curta e calções, já se percebeu que são nórdicos e dez graus para vocês é verão.
Não andem com mochilas cheias de garrafas de água e comida do hotel. A comida é barata e podem comprar água em qualquer lado. Não andem com mochilas, ponto final. As pessoas em geral não andam com mochilas e chamam a atenção dos carteiristas e vendedores de droga.
Não passeiem com mapas, vejam no telemóvel. Por aqui ainda não se roubam telemóveis na rua às pessoas, podem telefonar e ver a internet à vontade. Mas não à vontadinha...
Se quiserem saber algo perguntem a alguém na rua, " Castelo? " ou algo assim e as pessoas percebem e apontam e explicam. Não entrem numa loja a perguntar. Ver " atitude dos empregados de café".
Mais, vão ao Bairro Alto jantar e depois passear nas ruas e entrem em bares e bebam a cerveja na rua. Sim, pode-se e assim tambem podem fumar. E é mais fácil meterem conversa com as outras pessoas, pelo menos ouve-se.
Mais a baixo há a Rua, no Cais de Sodré. Vêem logo qual é. são só bares e o chão é cor de rosa.
Um sítio bom a vistar é a LXfactory e o Museu do MAAT, assim como o Mercado , cheio de restaurantes. Mas isto de dia. E se querem escapar da rota dos Jeronimos e Torre de Belém.
Agora têm os tuc-tucs que os assediam para levar aos sítios bons para fotografias, o miradouro de sta.Catarina, o Castelo.
Como residente em Lisboa, não vivo numa zona histórica. Mas já vivi na Expo, Parque das Nações.
Lembro-me de sair de manhã com as crianças de casa até ao centro comercial , onde estavam as lojas e o hipermercado e ser interceptada duas e três vezes por turistas a perguntarem onde era o Oceanário.
Há placas na rua mas são minúsculas as letras. Eu normalmente mandava-os pelo percurso panorãmico, " entra no centro comercial e vai sempre em frente, saindo na porta do outro lado para o exterior. Vê as bandeiras e segue em frente até ao rio e vira à direita, sempre em frente, até ver um edifício numa espécie de lago. É aí.". E pronto. E dizia em inglês ou francês, para praticar.
Compreendo por isso a irritação das senhoras do bairro da Sé , quando lhes perguntam coisas em espanhol. Primeiro porque são muitos e depois porque as estão a expulsar das casas por causa deles. Vivem em casa degradadas com rendas pequenas e os senhorios querem que elas saiam para fazerem obras e alugarem a estrangeiros. E depois porque não falam espanhol. Ninguém fala aqui.
Quando vou a Espanha fico sempre sobressaltada primeiro e seduzida depois, quando chego a um bar, café, restaurante, e o empregado me sorri , diz bom dia e me trata por tu "Olá, como estás? ". Fico a pensar que está enganado e pensa ,que me conhece de algum lado. Depois prossegue com "o que vai ser" e percebo que é a simpatia de um empregado pata um freguês. Coisa que não existe em Lisboa.
Trabalhamos numa empresa e vamos todos os dias de manhã tomar café ao mesmo sítio. Os empregados andam ligeiros de um lado para o outro e sem nos olharem são capazes de perguntar o que vai ser, um café dizemos nós, eles tiram dois ou três. distribuem-nos e aí dizem " e mais nada?" e nós " uma torrada", "um queque" uma sandes de queijo" e ele, sempre sem nos olhar grita para dentro " sai uma torrada e uma sandes de queijo" e dá-nos o queque. Há uns clientes que tentam fazer umas graças "o café é meio cheio" mas não leva troco. Antes se diziamos " Queria um café " por vezes gozavam connosco " Queria , já não quer? " o que é uma estúpidez, pois o uso do condicional e não do imperativo é uma forma de cortesia, que de certa forma substitui o " se faz favor".
No outro dia fui a uma livraria e o empregado estava imparável comigo. Comecei eu, ao vê-lo ocupado no computador " Posso fazer-lhe uma pergunta? " e ele " pode fazer duas, já fez uma..." e eu ri-me. " Queria um livro da Isabel Allende, o não sei quê de Ripley" e ele " já sei o que quer, é isso mesmo" e vai e traz-me " O Jogo de Ripper " e eu " ah, confundi com ...." e ele " O Talentoso Mr. Ripley" e eu "sim, da Patricia Highsmith (disse eu , não querendo ficar atrás). Depois pergunta-me se tenho cartão da livraria e eu disse que sim, mas não o tinha ali, queria o meu telefone? E ele " o telefone não, basta o numero" ah ah. ri eu de novo. " O senhor sabe sempre os livros todos disse -lhe eu ". " todos não, mas muitos ", " eu sou de literatura mas não sei se conseguia trabalhar numa livraria" e ele " eu de filosofia. é difícil, sim, sobretudo com algumas coisas..." e eu " os clientes?", " não, é com o comercialismo das políticas da orientação do patronato". OK, .... " e estes livros também são tão pesados, andar a arrumar isto..." disse eu prosaicamente...
Depois paguei e vim embora com ele a dizer, " volte sempre". Eu volto, ele é giro, com o seu cabelo comprido em rabo de cavalo e uns trinta anos...
Anyway. Conselhos aos turistas não acidentais:
Não andem por aí de manga curta e calções, já se percebeu que são nórdicos e dez graus para vocês é verão.
Não andem com mochilas cheias de garrafas de água e comida do hotel. A comida é barata e podem comprar água em qualquer lado. Não andem com mochilas, ponto final. As pessoas em geral não andam com mochilas e chamam a atenção dos carteiristas e vendedores de droga.
Não passeiem com mapas, vejam no telemóvel. Por aqui ainda não se roubam telemóveis na rua às pessoas, podem telefonar e ver a internet à vontade. Mas não à vontadinha...
Se quiserem saber algo perguntem a alguém na rua, " Castelo? " ou algo assim e as pessoas percebem e apontam e explicam. Não entrem numa loja a perguntar. Ver " atitude dos empregados de café".
Mais, vão ao Bairro Alto jantar e depois passear nas ruas e entrem em bares e bebam a cerveja na rua. Sim, pode-se e assim tambem podem fumar. E é mais fácil meterem conversa com as outras pessoas, pelo menos ouve-se.
Mais a baixo há a Rua, no Cais de Sodré. Vêem logo qual é. são só bares e o chão é cor de rosa.
Um sítio bom a vistar é a LXfactory e o Museu do MAAT, assim como o Mercado , cheio de restaurantes. Mas isto de dia. E se querem escapar da rota dos Jeronimos e Torre de Belém.
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