Estava uma noite escura e tempestuosa
Há 19 anos atrás, quando nasceu o meu filho.
Viviamos em Carcavelos e era domingo, eu estivera mal disposta toda a tarde e o meu ex que na altura não era, estava com gripe. Eu estava deitada na cama e de repente ouço "pop" e desato a deitar água para os lençois...levantei-me para a casa de banho e disse calmamente " acho que me rebentaram as águas". Faltavam 3 semanas para a data dos 9 meses e o marido veio a correr todo esbaforido e penso que ligou ao médico que disse para irmos ter com ele que estava no consultório. Eu mudei de roupa, ele vestiu a filha, eu guardei roupa para a filha num saco e vamos para o carro. Ele enfia a cadeira com a filha de 21 meses no banco de trás e nem lhe põe o cinto. Arranca para casa da mãe em Queluz e na primeira curva a cadeira da filha tomba, mas ninguém reparou e ela não disse nada....
Chegámos a Queluz comigo a gemer a cada 5 minutos, deixámos a criança, eu ri-me (acho) de a ver de lado, e fomos para o consultório onde me deixaram sentada de lado numa cadeira, e estavam dois rapazes a companhar uma rapariga e diziam coisas como " a dor é psicológica, se se fizerem alguns exercícios a dor não se sente..." e eu estive para dar um grito na contração seguinte, daqueles bem altos, mas sou incapaz. Era capaz de sair um " merda!" mais provavelmente. O médico mandou-me para uma sala mas levou o seu tempo a chegar, eu estava á numa maca a pensar, se calhar nasce aqui... Mas o homem veio e ao examinar-me disse para irmos já para a maternidade, ele ia telefonar.
Felizmente era ali ao lado, nem sei se fui a pé, acho que não. Quando lá cheguei os médicos de serviço examinaram-me e disseram, " já sinto a cabeça!" e eu " devem ser os pés. ontem ainda estava sentado" (ontem ou anteontem. foi na véspera de Natal, era 23). Tinhamos ido à Maternidade onde o médico estava de banco e ele disse que ele podia nascer, estava pronto, mas sentado, mas podiamos tentar fazer o parto normal, ele fazia. Eu não quis, disse que preferia esperar. Esperei até dia 28 , pelos vistos.
Os médicos então ficaram preocupados, eu disse que tinha tensão alta e 35 anos (grávida de risco) e ligaram ao médico e decidiram pela cesariana. Depois foi engraçado, eu na maca a agarrar-me dos lados e eles a correrem comigo para um elevador e depois a baterem com a maca nas portas que se abriam e eu com contrações...
Estava divertida, em momento algum tive medo. Pensei é que era com epidural, como a Cat. mas quando chegámos a uma sala de operações já estavam todos preparados o pai também e deram-me clorofórmio a respirar ou coisa do género, disseram para contar de cem para trás e adormeci.
Acordei depois cheia de sede numa sala escura, com outra ex grávida na cama ao lado e comecei a pedir água e não veio ninguém, a da cama ao lado é que me disse que não estava ninguém, para eu esperar. É mesmo à hospital público...
De manhã levaram-nos às duas para um quarto com mais seis ou sete mulheres, uma tinha gémeos.
Era um quarto grande e pintado de amarelo claro, as camas separadas por cortinas claras e lá vem o meu bebé, que já tinha mamado e tudo de biberon. Trazia um babygrow dos meus, branco, era tão pequenino e vermelho e estava calado, com pouco cabelo. Os outros bebés eram enormes, por isso tinham nascido de cesariana, mas eu achei que eram uns gigantones, o meu é que era lindo.
Enfim...será que o pai dele se está a lembrar disto e de ter passado a semana cheio de gripe e a filha também, em casa dos avós? Ela só chamava pela mamã...tadinha. Nunca se tinha separado de mim até então. Senti-me tão culpada, dela estar sozinha com os avós e eu ali, sossegada, a. ler o meu livro " Out of Africa" e a ouvir bebés chorarem.... Tão sossegada que uma noite o meu bebé chorava que se fartava e eu a pensar " não dão de mamar aquele bebé" e a colega de cama (aqui era outra) , o seu bebé está a chorar" e eu " Ah...". Boa, nem reconhecia o choro do meu filho da das outras. É que eu só tinha uma filha, não sabia que filho era esse.
Acho que estava mais ou menos a leste de tudo. No fim de ano uma de nós tinha bolo rei bom e bebemos laranjada, umas quatro à volta da mesa do centro do quarto, chovia muito, viam-se apesar de tudo foguetes à meia noite. Os pais tinham lá estado antes, depois de jantar, mas tinham-se ido embora.
Apesar da cesariana eu conseguia andar e sentar-me, algumas nem se levantavam da cama.
Enfim, ao princípio estava meio estranha, deprimida, só depois de voltar para casa comecei a melhorar. E a irmã gostou dele, era o nosso bebé.
Viviamos em Carcavelos e era domingo, eu estivera mal disposta toda a tarde e o meu ex que na altura não era, estava com gripe. Eu estava deitada na cama e de repente ouço "pop" e desato a deitar água para os lençois...levantei-me para a casa de banho e disse calmamente " acho que me rebentaram as águas". Faltavam 3 semanas para a data dos 9 meses e o marido veio a correr todo esbaforido e penso que ligou ao médico que disse para irmos ter com ele que estava no consultório. Eu mudei de roupa, ele vestiu a filha, eu guardei roupa para a filha num saco e vamos para o carro. Ele enfia a cadeira com a filha de 21 meses no banco de trás e nem lhe põe o cinto. Arranca para casa da mãe em Queluz e na primeira curva a cadeira da filha tomba, mas ninguém reparou e ela não disse nada....
Chegámos a Queluz comigo a gemer a cada 5 minutos, deixámos a criança, eu ri-me (acho) de a ver de lado, e fomos para o consultório onde me deixaram sentada de lado numa cadeira, e estavam dois rapazes a companhar uma rapariga e diziam coisas como " a dor é psicológica, se se fizerem alguns exercícios a dor não se sente..." e eu estive para dar um grito na contração seguinte, daqueles bem altos, mas sou incapaz. Era capaz de sair um " merda!" mais provavelmente. O médico mandou-me para uma sala mas levou o seu tempo a chegar, eu estava á numa maca a pensar, se calhar nasce aqui... Mas o homem veio e ao examinar-me disse para irmos já para a maternidade, ele ia telefonar.
Felizmente era ali ao lado, nem sei se fui a pé, acho que não. Quando lá cheguei os médicos de serviço examinaram-me e disseram, " já sinto a cabeça!" e eu " devem ser os pés. ontem ainda estava sentado" (ontem ou anteontem. foi na véspera de Natal, era 23). Tinhamos ido à Maternidade onde o médico estava de banco e ele disse que ele podia nascer, estava pronto, mas sentado, mas podiamos tentar fazer o parto normal, ele fazia. Eu não quis, disse que preferia esperar. Esperei até dia 28 , pelos vistos.
Os médicos então ficaram preocupados, eu disse que tinha tensão alta e 35 anos (grávida de risco) e ligaram ao médico e decidiram pela cesariana. Depois foi engraçado, eu na maca a agarrar-me dos lados e eles a correrem comigo para um elevador e depois a baterem com a maca nas portas que se abriam e eu com contrações...
Estava divertida, em momento algum tive medo. Pensei é que era com epidural, como a Cat. mas quando chegámos a uma sala de operações já estavam todos preparados o pai também e deram-me clorofórmio a respirar ou coisa do género, disseram para contar de cem para trás e adormeci.
Acordei depois cheia de sede numa sala escura, com outra ex grávida na cama ao lado e comecei a pedir água e não veio ninguém, a da cama ao lado é que me disse que não estava ninguém, para eu esperar. É mesmo à hospital público...
De manhã levaram-nos às duas para um quarto com mais seis ou sete mulheres, uma tinha gémeos.
Era um quarto grande e pintado de amarelo claro, as camas separadas por cortinas claras e lá vem o meu bebé, que já tinha mamado e tudo de biberon. Trazia um babygrow dos meus, branco, era tão pequenino e vermelho e estava calado, com pouco cabelo. Os outros bebés eram enormes, por isso tinham nascido de cesariana, mas eu achei que eram uns gigantones, o meu é que era lindo.
Enfim...será que o pai dele se está a lembrar disto e de ter passado a semana cheio de gripe e a filha também, em casa dos avós? Ela só chamava pela mamã...tadinha. Nunca se tinha separado de mim até então. Senti-me tão culpada, dela estar sozinha com os avós e eu ali, sossegada, a. ler o meu livro " Out of Africa" e a ouvir bebés chorarem.... Tão sossegada que uma noite o meu bebé chorava que se fartava e eu a pensar " não dão de mamar aquele bebé" e a colega de cama (aqui era outra) , o seu bebé está a chorar" e eu " Ah...". Boa, nem reconhecia o choro do meu filho da das outras. É que eu só tinha uma filha, não sabia que filho era esse.
Acho que estava mais ou menos a leste de tudo. No fim de ano uma de nós tinha bolo rei bom e bebemos laranjada, umas quatro à volta da mesa do centro do quarto, chovia muito, viam-se apesar de tudo foguetes à meia noite. Os pais tinham lá estado antes, depois de jantar, mas tinham-se ido embora.
Apesar da cesariana eu conseguia andar e sentar-me, algumas nem se levantavam da cama.
Enfim, ao princípio estava meio estranha, deprimida, só depois de voltar para casa comecei a melhorar. E a irmã gostou dele, era o nosso bebé.
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