A Rapariga no Comboio

Estou a reler, li pela 1ª vez na praia o ano passado, a minha filha é que levou e lembrava-me que fui da tal maneira apanhada, que depois ela queria ler e eu não lho devolvia " espera, deixa só acabar este capítulo".

Quando o comecei a ler desta vez , como já sei quem é a personagem que assassina a vítima, queria dar mais atenção aos sinais que a autora dá de quem é, e ver o estilo da escritora, etc.

Comecei a ler  e achei aquilo muito lento e mesmo chato. OK, é contado na 1ª pessoa, a Rachel vai todos os dias no comboio da manhã para Londres, e passa numa rua paralela à linha, onde o comboio abranda pois há um sinal e ela observa uma casa com um casal jovem, em que o marido é muito afetuoso e ela bonita e parecem muito felizes e ela dá-lhes nomes e cria uma história para eles, ele é um médico e ela é artista, pintora . Mais à frente está a casa onde ela morou com o ex marido e onde ele vive agora com a nova mulher. Percebemos que ela está amargurada e ainda gosta dele. À tarde volta no comboio da noite e volta a observar as casas , lá está o casal feliz no terraço, a beber vinho.

Pois. Muito deprimente. A vida dela é uma monotonia. Aposto que nesta altura quem não gosta muito de ler desiste e pensa, " mas porque é que isto é um best seller?

Mas a seguir a narrativa prossegue contada por Megan, a mulher que Rachel observa do comboio.
A sua vida não é nada como a outra a imagina. Está desempregada, tinha uma galeria de arte mas faliu e passa os dias em casa. O marido é consultor informático e adora-a, mas ela apercebe-se que ele a controla constantemente, se levanta para ver o histórico do seu computadpr e ver os SMS durante a noite. Para fugir à monotonia ela oferece-se para tomar conta do bebé dos vizinhos da rua, mais abaixo, precisamente o ex marido de Rachel.

Depois volta à Rachel e começa a acelerar. Na verdade Rachel  foi despedida e vive com uma amiga e  vai todos os dias para Londres para a amiga não o perceber e volta no comboio da noite, normalmente embriagada com latas de gin tónico que passa o dia a beber. Um dia sai na estação da cidade do ex , à noite e acontece-lhe  qualquer coisa, está cheia de nódoas negras e sangue na cabeça, quando acorda num túnel perto da estação. Volta para casa . Passados uns dias lê no jornal que a sua " amiga" desapareceu, precisamente na noite em que ela sofreu o "acidente ". Ela não se recorda.

Voltamos a Megan, e há um flash back, ela conta como começa a ir a um terapeuta , se apaixona e ele a repele, mas depois ela se envolve num romance e engana o marido dizendo que vai sair com amigas...

Voltando ao "presente ", o corpo de Megan é descoberto  e o marido suspeito, mas Rachel viu  uma tarde  Megan no jardim a beijar um homem moreno. O marido é loiro. O terapeuta é meio indiano. Ela conta à polícia mas não acreditam nela pois descobrem que é alcoolica.

E isto começa a ser cada vez mais rápido e intrincado, e é como se o livro fosse um comboio e ganhasse velocidade....

A certa altura começa-se a desconfiar de uma pessoa, depois de outra e eu comecei a vislumbrar a verdade ( e muitos leitores decerto) e apetece dizer à Rachel " não, não vás lá. foi ele! ". Porque nós temos a versão da Megan e depois também da Anna, a mulher actual de Tom ( o ex marido). A pobre da Rachel anda ali a investigar às cegas mas nós começamos a ver o que aconteceu.

E eu quase fui ver o final do livro para ver se estava certa. Não fui. E estava.

Por isso é que o livro é um best seller, o ritmo da narrativa é cada vez mais rápido, passa de narradora para outra narradora cada vez mais depressa, até "o comboio parar ". Creio que era esse efeito que a autora queria alcançar.

p.s: já saiu um 2º livro dela mas não gostei. Também é um crime " Escrito na água", mas não é tão bom. Lê-se.


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