À noite no hospital -os doentes ganham vida e os enfermeiros bebem shots nos copos de análises

 Estou a gozar. Mas sim, passei a noite a dormir no hospital, no SO.

E já estou de volta à casa, lar doce lar. Às 8 h da manhã deram-me alta e vesti as roupinhas e o médico que me internou " não vá o diabo tecê-las", deu-me a lista de remédios a comprar, caso os meus cálculos resolvessem agitar-se, ou não, um é antibiótico, outro é para fazer xixi, outros são para as dores (por acaso tenho alguns aqui do ano passado, estão no prazo).

 Acordaram-me às seis da manhã! E bebi chá e comi bolachas Maria (ontem alimentei-me a iogurtes e bolachas), deram-me soro e um remédio num cateter que me puseram na outra mão ( o outro formara cá um hematoma!) e Ala!, vá lá pagar, e o pessoal de banco pôs-se a andar e foram substituídos por outros médicos e enfermeiros.

Sim, que eu ontem de manhã acordei às 9 h com agudas dores do lado esquerdo atrás, mas mesmo muito más. Repetição do acontecido em agosto do ano passado no algarve. Tomei comprimidos, vomitei os comprimidos, pus saco de água quente...e e esperei que a filha acordasse.

Ainda por cima tinhamos passado uma tarde porreira a passear no Dolce Vita, a comprar creme para ela na Kiko e cuecas e soutiens na Primark. E gelados no mac.

Pois ela acordou e chamámos um Táxi e fomos para as Urgências do S.José. Lã estava o seboso de dentes tortos do secretário clínico da outra vez, mas fui admitida por outra, que não me pediu bruscamente o cartão do cidadão, nem me disse "então Maria, vais esperar na sala de espera que te chamem para a triagem".
Esta sim, acenou-me gentilmente e pediu se faz favor e tudo e disse que era esperar um bocadinho que já me chamavam. Assim, sim, tratamento profissional.

Depois na triagem queixei-me das dores nas costas e vai a enfermeira e dá-me um murro " é aqui?" e eu " Ai, sim !". Por isso recebi a pulseira amarela e a minha filha um auto colante de " acompanhante", mas ficou cá fora. A Lina ( a madrasta que é médica lá no serviço interno) depois foi lá ter com ela e levou-a almoçar.

 Deram-me a injeção intra muscular e a dor passou. A partir daí foi esperar e esperar, que viessem os resultados das análises de sangue , que me chamassem para fazer uma TAC.

A TAC foi às cinco e aí a filha esperou comigo. Coitada. tinha combinado ir ter com os " amigos" (continuo convencida que é eufemismo para o namorado) e ficou ali toda a tarde.

 Lá no atendimento estavam duas secretárias clínicas e estava a ser um dia difícil, um dos aparelhos da Tac avariara e então uma telefonava aos utentes do dia seguinte, a avisar que já não teriam de ir e que depois ligavam a remarcar, enquanto a outra recebia os que chegavam e informava-os que não era possivel fazer pois o aparelho avariara.

Houve lá uma famíla, marido e filho calados de calções e mãe muito irada, porque tinham interrompido as férias e deviam-nos ter avisado. E a secretária dizia que se avariara há poucas horas e tinham telefonado a quase toda a gente. E ela toda irritada, a perguntar o nome delas e quem telefonara, que ela não fora avisada. E quis o livro de reclamações ! A outra no telefone estava a ter mais sorte, dizia que era para informar que a Tac estava avariada por isso iriam remarcar a consulta e a maior parte acatava. Bolas, lidar com o público não é fácil...

Eu estava na maior, ele tinham outra máquina de TAC para os doentes internados e os das Urgências....

A Tac, é vestir uma roupa, deixando as cuecas e tirando fios etc, deitarmo-nos na maca e obedecer ao "inspire, aguente, não respire, pode respirar ", enquanto o técnico e restante pessoal está escondido atrás de um vidro, para não apanhar radiações. Depois eram seis horas e voltei para a sala de espera dos Amarelos e a filha foi para casa do pai com a Lina e deixou-me uns trocos e bolachas Maria. E fiquei à espera do relatório da TAC, o médico disse-me que me iam chamar.

Tomei café e as bolachas, falei com duas idosas sobre as telenovelas e adormeci encostada à parede.

Acordei a tempo de  ouvir chamarem-me e o Dr. Gil, um médico jovem e muito dinâmico e que me atendera quando lá cheguei, disse-me que eu ia lá ficar internada porque tinha um cálculo de sete mm a bloquear a entrada do uretére esquerdo, e podia deslocar-se e eu ficava alí no SO. Assinei lá uns papeis, mas como não tinha levado os óculos até podia estar a doar um rim, o que eu lhe disse , e ele respondeu-me que os meus rins não serviam, e eu disse que o coração também não, e o fígado nem por isso e os olhos nem falar, por isso tinham de me tratar. Ele perguntou se eu queria que me fosse ler alguma coisa para eu dormir, eu disse que um comprimido era bom...

Por acaso acho graça . Os enfermeiros são todos giros! Os médicos mais ou menos (menos). Um  secretário clínico apareceu lá todo chateado por ter de estar a escrever no computador o rol dos pertences dos doentes que iam ficar internados ( eu e mais dois ) e a dizer que ia sair às 11 H ,  e elas disseram, " ao menos não tens de estar a aturar o " ....", no Atendimento, o gajo é um cromo ! "  e ele " ah, pois, ao menos isso " e percebi que estavam a falar do sebento dos dentes tortos....

Bem, deram-me um iogurte de banana e mais bolachas Maria, e tomei o comprimido e adormeci, devia ser meia noite.

Pronto, agora aqui estou toda feliz, ao menos não me doi nada. Noc, noc, na madeira. E posso ir de férias e daqui a três semanas devo fazer nova ecografia e mostrar ao médico de família.

A vida de uma pessoa com cálculos é uma eterna surpresa. Estou destinada a visitar todos os hospitais, está visto....

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