Gatos silvestres versus gatos domésticos
A Câmara de Oeiras colocou estes cartazes juntos a colónias de gatos selvagens a viver em espaços grandes, como a Estação Agronómica.
As pessoas que os alimentavam estão furiosas. Dizem que andaram a capturá-los e a esterilizá-los e a soltá-los e agora há novos gatinhos a nascerem e não as deixam alimentá-los.
Ora a questão é que, os gatos silvestres controlam a população de cobras e outros animais pequenos, até insectos. A natureza encarrega-se de controlar a população de gatos selvagens, silvestres, pois em cada ninhada de seis sobrevivem dois. Mas com a intervençãp dos Humanos bem intencionados, os gatos selvagens estão a ser alimentados com produtos industriais e deixam de caçar. As ninhadas aumentam, mesmo que os capturem e esterilizem e os soltem de novo no campo.
Os gatos são seres que têm sempre algo selvagem em si. Mesmo os domésticos, se lhe abrirem a porta , ele sai e vai explorar, e torna-se um caçador. Depois volta e traz um pássaro ou um rato aos donos. Isto idealmente, se vivêssemos numa casa no campo, não existissem estradas e carros e cães à solta que os matam.
Os gatos domésticos que vivem nas cidades, vivem toda a vida presos em casa. Se tiverem a sorte de ter varandas com vasos de flores, como eu tinha em casa da minha mãe, podem quase viver em dois mundos. Ao sol na varanda, caçando osgas e pombos e pássaros que por lá apareciam, ou dentro de casa no quente , quando é inverno e chove. Podem assim viver até 20 anos. Se viverem na rua sobrevivem de três a cinco anos. As gatas menos,
O que é melhor? Ser livre e ter uma vida curta ou prisioneiros e uma vida longa?
Se o gato nascer em casa e conhecer os humanos desde que abre os olhos, sente-se da família, é afetuoso e sente-se bem numa casa. Se for abandonado provavelmente não se adapta pois não aprendeu a caçar e vai ser perseguido por cães, outros gatos, humanos mal intencionados. Por vezes sobrevive, mas é muito cruel abandonar um gato. Tem mais sítios para se esconder do que um cão abandonado e consegue roubar comida ou retirá-la do lixo. Mas sofre doenças.
É muito difícil para quem gosta de gatos, saber dar-lhes liberdade de serem quem são. Se temos uma casa com jardim, temos de os deixar sair. E eles fogem e desaparecem, e voltam passados um dia e sobreviveram e nós ficámos a sofrer a pensar que fugiram para sempre.
Quando fui passar férias a casa da minha avó, a gata assim que se viu solta, correu pelo quintal fora para casa do vizinho que tem cães à solta. A partir daí passou a andar de trela, e eramos nós que andavamos atrás dela... Uma vez viu uma árvore e trepou como um raio por ela acima e tivemos de largar a trela. Depois não sabia descer e fomos buscar uma enorme escada das vindimas para a ir buscar.... Eu nunca poderia viver no campo. Gosto dos meus gatos como família e não quero perdê-los. Sei que não vivem uma vida ideal, mas parecem bastante afeiçoados uns aos outros e a mim.
Quando vamos de férias a casa tem varanda e são as férias deles, ao sol na varanda a espreitar quem passa. E a gata continua a passear de trela, mas agora menos tempo, é ela que nos leva para casa.
Quanto aos gatos de Oeiras, sinto-me tentada a concordar com o cartaz. Ou os levam para casa, ou os deixam ser selvagens e param de arriscar a vida deles, pondo comida junto ao portão ao pé da estrada.
Muitas vezes saem , são atropelados, causam acidentes pois as pessoas travam de repente ao vê-los.
Embora tenha sido divertido passear a Pompom , era impossível a longo prazo. Acabaria na estrada, atropelada.
Não é natural prendermos um pássaro numa gaiola, um peixe num aquário, mas os cães e os gatos afeiçoam-se a nós e sejamos sinceros, à casa, Não ficam connosco pela comida, pois os que são maltratados (sobretudo gatos) fogem. E procuram outros donos.
Mas os que são selvagens deixem-nos em paz. Mesmo que vivam pouco tempo.
Os que são afectuosos, adoptem-nos.
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