Direito dos Doentes

Tivemos uma aula de Bioética com uma professora doutora psicóloga em hospitais. Deu-nos três aulas sobre a Carta dos direitos dos Doentes, Europeia e portuguesa , mas ontem falou da sua experiência em hospitais. Os profissionais de saúde são como toda a gente, condicionados pelo temperamento (biológico), cultura (valores familiares e individuais) e psicologia (personalidade e estados emocionais). Têm de ter respeito pela pessoa (paciente), que tem direito a Lealdade, Confidencialidade, Veracidade e Privacidade. Lealdade para manter acordos e não prometer o que não pode cumprir. Veracidade para não ocultar o que o doente quer saber. Se tem uma doença grave e ao mesmo tempo um coração fraco, deve-se ponderar dar a notícia com familiares ao pé. Confidencialidade, não se vai falar das coisas que se sabe da sua vida , mas se isso puser em causa outros, como ter sida e ter um relacionamento com alguém a quem oculta o facto, pode-se dizer. E a privacidade, que é amplamente ignorada, mandam despir as pessoas e dão-lhes batas abaixo do seu tamanho, ou fazem perguntas no balcão de informações que são fúteis para o caso, género perguntarem a uma grávida se é casada, para porem no formulário. Pode não ser e isso incomodá-la.
Tem o direito de dizer " Não respondo ". Não sabia disso. Profissão ? Que é que isso importa ? Não respondo. Ninguém gosta de dizer " Desempregado " e respondem " empresário ". Como nas revistas .
Depois começou a contar que tinha entrado na faculdade no ano a seguir ao 25 de abril, vinda de um colégio de freiras. Quando o professor entrou, ela levantou-se. Foi a única num anfiteatro cheio de gente, e voltou-se a sentar. Depois viu que muitos fumavam e ela começou a ficar tonta. Estavam a fumar ganza. Lá se foi adaptando aos novos costumes, mas ficaram-lhe coisas que aprendeu desde criança, como deixar passar os mais velhos nas portas, à sua frente, e ficar muito chocada com os modos de tratar doentes e pessoas em geral. Diz que para ela é automático baixar-se para apanhar alguma coisa que alguém deixa cair, para lhe dar, ajudar alguém a vestir um casaco ou indireitar-lhe a gola, se está torta. Que há algumas doentes que tentam ajeitar o cabelo e o médico diz " quer-se por bonita ? Deixe lá isso." e ela diz que deviam era ajudar a pessoa. E o cobrir a nudez com um lençol, ou dar duas batas a uma pessoa mais gorda, devia ser automático. Mas as pessoas começam a habituar-se a ser maltratadas e não exigem os seus direitos.

Também usou a expressão de " não terem tomado chá em crianças ", que a minha mãe usava muito.
Eu aos meus pais não ouvia reprimendas, imitava os comportamentos,na maior parte das vezes. Mas a minha avó estava decidida a educar-me, e uma vez em que ela me ia contar pela décima vez uma história sobre um irmão eu disse " já me contaste isso " e ela respondeu que " e tu, como menina educada, ouves e calaste ". Sim, isso é respeito pelo outro.

www.apbioetica.org
www.patients-rights.eu

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