O Navegante Citadino
Entrei no metro às seis e sentei-me e comecei a jogar Candy Crush. Na estação a seguir entram três rapazes, negros, e um dá um grande grito, e eles riem-se e as pessoas enfiam a cara no chão e nos jornais e livros e telemóveis. Ao meu lado ia uma miúda magrinha , de cor, com o cabelo todo puxado e preso atrás , ar simples, mas bonita. O líder deles, de gorro cinzento e calções a cair decidiu sentar-se à frente dela.
Olá. Ela nada. Tocou-lhe na perna “ Olá, chamaste Jalima ? “ ela riu-se e nada. Ele puxou do telemóvel e começou a ver. Eu a jogar . “ Não me dizes o teu nome ? “, “ eu não tenho nome “ disse ela. “ Ah, e tens namorado ? “, ela nada . “ Tens que idade ? “, “ Dezoito “, respondeu ela. Eu pensei que parecia ter dezasseis. “ E não tens namorado ? Queres ser minha namorada ? “ ela sorriu e olhou pela janela. Ele era bonito, alto e com caracois a sairem da boina de lã. “ Não respondes ? “ e eu toda interessada. Aí reparo que a estação é Baixa-Chiado. Ai ! Deixei passar S. Sebastião ! E levantei-me à pressa e ele também “ malta , deixamos passar a estação “ e sairam todos os três e a primeira coisa que ele faz é lançar um berro semelhante ao outro, pondo todos a olhar para trás. Ela seguiu. You´re beautifull....
Eles foram para trás pela Linha Verde. Para mim também era mais perto apanhar a Linha Verde, mas voltei para trás na Vermelha na mesma, não queria ouvir mais gritos de macho Alpha. E para sair em S. Sebastião e não me perder.
O meu passe chama-se o Navegante Ocidental. Em mares por vezes sossegados, outros não. Sempre interessante.
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