O meu trabalho

Já aqui escrevi sobre o meu trabalho e é num call center e eu nunca me passara na cabeça responder a um, ou seja respondi e depois marcaram-me uma entrevista e não fui. Fui parva porque era se calhar para o mesmo que estou a fazer, área de turismo, outbound, falar e escrever francês e inglês.

Aqui onde estou, a companhia é estrangeira e a sede é em Amsterdam e têm estes escritórios em vários países, imagino que países que aceitem ordenados mínimos e horas extraordinárias.

 OK, estou a gozar, como são línguas estrangeiras eles pagam dois ordenados mínimos (incluindo cartão de refeições), 13 mês, 22 dias de férias, subsídio de férias. Isto é  renovado mensalmente, ou seja, avisam com antecedência se nos querem por fora.

 Mas a questão é que gastam muito tempo em formação, passamos um mês nisso, trabalhar no programa deles não é assim tão fácil. E também não é fácil arranjar quem fale e escreva corretamente em francês e alemão. Daí eu e outra sermos as únicas portuguesas e licenciadas, e os restantes são filhos de emigrantes que regressaram a Portugal com os pais e não conseguem tirar cursos superiores, ou usar os deles cá.

No caso dos alemães, são pessoas que andam a passear pela Europa e arranjam emprego em qualquer call center que queiram, pois falam alemão e claro o inglês, e estão-se a marimbar, se os despedirem vão para outro lado. Mas alguns têm namorada e estão cá há uns anos e preferem o nosso clima e estilo de vida ao deles.

Depois temos a linha russa e italiana. Os italianos é como nós, vêm porque são licenciados em Relações Internacionais e outros cursos do género e lá não arranjam emprego e são solteiras e vêm passear e estiveram já noutros países. Os Russos são tudo menos russos, são Ucranianos, Lituanos, mas falam russo. São simpáticos/as e falam todos português embora cá estejam há seis meses. As raparigas são casadas vieram com os maridos.  Os alemães só falam inglês embora os que estão cá há muito tempo nos percebam.

Só estou a falar destas pessoas pois só agora abriram estas linhas. Já havia a Linha portuguesa (para o Brasil ) e Inglesa e esta tem nativos de ambos os países. Não pude concorrer a Inglês pois só pediam para a linha francesa.

O ambiente é de escritório, quase como o de " Office" com um chefe caricato, que se tenta adaptar ao ambiente descontraído , marca da empresa. As pessoas andam de ténis e mochilas se quiserem, outras de stilettos e saias travadas, é como se sentem melhor. Bem, as mulheres pelo menos, andam de stilettos.

O chefe veio de uma empresa em que sempre usou fato e não tinha roupa normal, teve de ir comprar....No outro dia estava sol e calor na sala, e ele de jeans e uma t-shirt branca com uma estampa, um tanto justa, foi muito elogiado. Às vezes faz mesmo lembrar o Gervais do The Office, quando fez um discurso informal a nós, os novos, e disse que também começou em call center e que a primeira vez que teve que falar ao telefone com um cliente, fez-se-lhe uma branca e só se lembrava do nome dele. E que se ele aprendera nós também .
Nós rimos, eu compreedi-o, mas muitos já vêm do telemarketing e dominam o telefone, mas são muito agressivos.

Eu acho que quando falo a um cliente, sou empática e paciente e deixo-os falar, mas em geral falo para os informar de que o quarto e as datas de férias estão confirmadas e ficam contentes. Também pode ser a dizer que a reserva que fizeram tem de ser anulada pois o hotel fez overbooking , mas nós andámos aqui (eu ) à procura de outro sítio lá perto, e tinha para lhe propor um quarto no sítio tal, mas eles é que tinham de reservar, era irem ver a referencia no site.

Uma vez liguei para uma inglesa, que ia para um sítio qualquer em França, e era eu,  " era para lhe falar da sua reserva para o hotel... " e ela  "Is there an issue ? " e eu " An issue? No, actually I am calling to say there is no issue, everything is confirmed..."..." Oh, you got me scared for a minute " e eu " eheh, I am sorry, we have to confirm by phone, to see if the client really booked the bedroom, not somebody else "..." I understand, where are you calling from ?", " I am in the Lisbon Office "..." I love Lisbon, I´ve been there several times, how´s the wheater ?" e podia continuar a falar, mas já estavam a olhar para mim, temos de ser produtivas.

Os franceses não costumam atender o telefone, vai para a messagerie vocale e eu digo quem sou e qual é o assunto, e quando volto a ligar já me atendem. Até são simpáticos. O pior são os dos hoteis, especialmente da Argélia e Marrocos, e Ilhas Francesas tipo Guadalupe, falam muito depressa e não percebo e depois digo em inglês...eh eh eh.

Bem, se calhar tenho de apagar isto. Disseram-nos que não era para falar de assuntos da empresa.
E eu não queria ser despedida, até estou a gostar e nunca falto e chego antes da hora e tive boas notas nos testes da formação, por isso se alguém ler isto, lá desse sitio, nunca mais digo nada, juro.
O que é uma pena, dava crónicas divertidas.


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