Laika, a heroina do espaço





David Whitehouse


A cadela Laika, o primeiro ser vivo a orbitar a Terra a bordo do foguete soviético Sputnik 2, em novembro de 1957, não viveu tanto quanto os soviéticos declararam na época.

As autoridades soviéticas contaram na época que Laika morreu sem sofrer nenhum trauma, cerca de uma semana após o lançamento do foguete.

Mas informações divulgadas recentemente garantem que a cadela morreu de calor e pânico, apenas algumas horas depois do início da missão.

As novas evidências foram reveladas no recente Congresso Mundial Espacial, que aconteceu nos Estados Unidos, por Dimitri Malashenkov, do Instituto para Problemas Biológicos de Moscou.

Calor e pânico

O historiador do espaço Sven Grahn disse à BBC que as novas informações são surpreendentes, e põem um fim a mais de 40 anos de especulações sobre o destino de Laika.

A missão da cadela a bordo do Sputnik 2 impressionou o mundo.

O Sputnik 1, o primeiro satélite do mundo, havia sido lançado há apenas um mês. Tratava-se de uma esfera de metal, pesando cerca de 18 quilos, e era muito mais pesado do que qualquer satélite que os Estados Unidos planejavam lançar.

O Sputink 2 pesava 113 quilos e levava um ser vivo: Laika. A cadela foi capturada nas ruas de Moscou pelas autoridades soviéticas, que a prepararam para ser lançada ao espaço.

Pouco depois do lançamento, os soviéticos declararam que Laika não voltaria à Terra, e morreria no espaço - o que descontentou muitos observadores.

Malashenkov revelou agora novos detalhes sobre a viagem de Laika, que recebia comidas em forma gelatinosa e foi acorrentada para que não se mexesse durante o lançamento.

Havia um sistema de sucção de gás carbônico a bordo, com o objetivo de evitar o acúmulo do gás - assim como um gerador de oxigênio.

Um ventilador foi automaticamente acionado para deixar a cadela mais confortável.

De acordo com Malashenkov, os soviéticos tiveram bastante trabalho para adaptar um grupo de cães à apertada cabine do foguete.

Eles foram colocados em ambientes fechados e apertados por períodos de 15 a 20 dias. Três cães foram treinados para o trabalho, mas Laika mostrou-se a melhor preparada.

Sensores médicos inseridos no corpo de Laika mostraram que os seus batimentos cardíacos chegaram ao triplo do normal.

Morte

Malashenkov revelou ainda como Laika morreu. A temperatura e a umidade da cápsula do Sputnik aumentaram muito após o lançamento do foguete.

De cinco a sete horas depois do lançamento, os soviéticos não receberam mais nenhum sinal de vida de Laika.

Anteriormente, acreditava-se que Laika havia sobrevivido por pelo menos quatro dias no espaço - ou até uma semana, quando o foguete parou de enviar sinais à Terra.

Mesmo tendo sobrevivido por poucas horas, a contribuição de Laika foi enorme para a ciência espacial, provando que um organismo vivo poderia tolerar bastante tempo no espaço, a uma gravidade zero.

Isso permitiu que seres humanos fossem mais tarde enviados em missões espaciais.

O Sputnik 2 deu 2.570 voltas ao redor da Terra e queimou na atmosfera do planeta, em 4 de abril de 1958.

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