Nós e os outros
Estava eu no bar do Pingo Doce, para beber um café, e à minha frente a simpática família de oito pessoas, incluindo avós e netos a tomarem o seu " brunch ". O empregado já estava um tanto atordoado com as sandes aquecidas e o galão morno , quando uma criança, um rapazito de dois ou três anos, disse que " não era aquele bolo, era aquele " e apontava para a montra. Ora o bolo , um donut , era igual ao dele, e os pais fizeram-lhe ver isso pondo o prato com o bolo ao lado do outro, na montra. Mas ele queria o outro. " Podia trocar o bolo ? ", " Não podemos trocar os bolos depois de vendidos..."Mais fitas e a mãe diz " Podia só fingir que troca o bolo ? ". O empregado olha para mim e as dez pessoas à espera e eu digo, " sim , faça isso ", e eles dão-lhe o prato e ele vai lá aos donuts e tira o bolo e esconde-o, e devolve o prato, com o mesmo bolo. O puto aceitou, todo contente. " Obrigada, amiga ", disse-me a mãe do miúdo ". OK, na boa. Mas se fosse a minha filha, não lhe trocava o bolo, " não o queres, como eu ! ". Era a minha resposta.
Na verdade, se fosse o meu pai, e a criança fosse a minha irmã mais velha ( famosa pelas suas birras ), se calhar o meu pai comprava o outro bolo e dava-lho, contra a vontade da minha mãe.
E que dizem vocês, " há pessoas que não têm consideração pelos outros ", etc.
E se vos disser que era uma família de ciganos ?
Ah, aí era " ah, isso é assim, temos de ter paciência ".
Acho que as pessoas não gostam que se " fale mal " de pessoas que " não são como nós ". Coitados, deixa-os lá. Eu não acho que seja assim, se as pessoas se denominam a si mesmos " ciganos " e querem ser tratados à parte, com os seus costumes preservados, porque não posso falar neles e nesses costumes ?
Na escola primária publica onde andou a minha filha andava uma miúda dessa família. Só entrou no 1º ano, e a mãe estava sempre lá ! Só não estava nas aulas, mas nos intervalos, lá estava ela no recreio a vigiar a filha. E ia almoçar a casa e voltava. Tinha medo de quê ? Ela vestia-se como as outras crianças, se ela a deixasse à vontade, ela integrava-se. Se calhar tinham medo disso.
Ou então, os ciganos gostam muito das suas crianças.
Na verdade, se fosse o meu pai, e a criança fosse a minha irmã mais velha ( famosa pelas suas birras ), se calhar o meu pai comprava o outro bolo e dava-lho, contra a vontade da minha mãe.
E que dizem vocês, " há pessoas que não têm consideração pelos outros ", etc.
E se vos disser que era uma família de ciganos ?
Ah, aí era " ah, isso é assim, temos de ter paciência ".
Acho que as pessoas não gostam que se " fale mal " de pessoas que " não são como nós ". Coitados, deixa-os lá. Eu não acho que seja assim, se as pessoas se denominam a si mesmos " ciganos " e querem ser tratados à parte, com os seus costumes preservados, porque não posso falar neles e nesses costumes ?
Na escola primária publica onde andou a minha filha andava uma miúda dessa família. Só entrou no 1º ano, e a mãe estava sempre lá ! Só não estava nas aulas, mas nos intervalos, lá estava ela no recreio a vigiar a filha. E ia almoçar a casa e voltava. Tinha medo de quê ? Ela vestia-se como as outras crianças, se ela a deixasse à vontade, ela integrava-se. Se calhar tinham medo disso.
Ou então, os ciganos gostam muito das suas crianças.
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