Comportamento gera comportamento
Interessante, ontem depois de eu ter escrito isto, deu o Trueblood na TV. Pois, era sábado. São um bocado parvos os episódios, todos com aquela pronúncia cerrada. E o Eric não tem nada a ver com o que se imagina dos livros. O outro sim, é tal e qual...Miam, miam....
Fui com a minha irmã visitar a minha mãe, de tarde. Hoje estava toda agitadá e com dores e queixas do staff. Claro que a minha irmã foi logo tratar dos assuntos "porque é que levaram o sofá do quarto" e "pé direito inchado" e deixou-me com ela. Como diz a minha amiga da ginástica, que é psicóloga "comportamento gera comportamento" e comigo ficou a falar calmamente de como tinham sido as minhas férias no algarve e como estava a casa. Acho que as pessoas autoritárias despoletam reacções infantis de submissão , queixinhas e pedidos de ajuda. Aquela minha amiga diz que com o filho, quando ele se arma em parvo, primeiro ralha e depois ignora-o.
E que quando lhe falam alto começa a responder cada vez mais baixo. Hum, é capaz de resultar, se as pessoas se importarem o mínimo com o que nós pensamos delas. Numa sala de aulas não estou bem a ver, ralhar com um e depois ignorar as macacadas seguintes, ou eles começarem a falar alto e nós cada vez mais baixo. No outro dia veio nas notícias que se gastaram 11 milhões de euros a mais a pagar horas extraordinárias aos professores. Ah, ah. Posso explicar como conseguem tal coisa facilmente. A escola tem um corpo docente, que sendo profissional, tem vários anos de serviço e ganha pelo índice mais alto da função pública. Esses profs. têm digamos 16 horas de aulas, e as restantes são preenchidas com "direcções de turma", aulas de apoio a um ou dois alunos, substituição de prof. que faltam, etc. Isso chega a umas 22 h por semana, ou mais.
Mas corresponde a um salário normal para os anos de serviço que tem, etc. Ora acontece que as pessoas faltam por doença, até um mês seguido. Os colegas passam a assegurar as horas deles. Em horário extraordinário (digo eu, mas acho que ganham isso como horas extraordinárias, uma vez que têm horários completos). Quando metem baixa, a escola chama os substitutos, mas, aqui vai a esperteza, dão apenas as horas de serviço lectivo (16 h) e como não são profissionais, pagam pelo índice mais baixo. Ou seja, eu quando estive a dar aulas, dava realmente aulas de inglês, mas o restante horário, das direcções de turma, aulas de apoio, continuava a ser pago a dobrar aos outros profs. Ou seja, o que poupavam comigo, pagavam aos outros. Não me posso queixar, pois afinal, não dava aulas há dez anos e nunca dera inglês (só explicações). E há outros substitutos que nunca deram aulas antes, eu sempre tinha 1594 dias de serviço anterior...
Uma coisa é certa, isto sobrecarrega os professores efectivos. Que metem baixas por doença.
E o Estado paga a dobrar. Ah, ah, continuem assim! Antes não era assim, os substitutos ficavam com o horário completo da pessoa que substituiam, e ganhavam mais, mas pelo índice mais baixo. E os antigos não ficavam sobrecarregados. Não sei bem se poupam alguma coisa. A mim, como substituta, poupam, são menos horas a trabalhar e no fundo, é bem pago. Claro que os miúdos até podem ficar a lucrar, o substituto é mais estimulante que o prof. normal. Como não tem nada a perder, pode desistir a qualquer momento sem penalização, empenha-se ou não, em dar as aulas. De qualquer forma sempre as dará melhor que os profs. de outras disciplinas que pôem a tomar conta da aula, quando alguém falta.
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