Dia do Pai

Hoje é dia do pai. Lá terei de ir comprar uma prenda para os meus filhos darem ao pai, o meu ex.
Ele também me dá, no dia da Mãe, acho justo. Mas os putos têm a mesada deles, podiam comprar, um postalinho....
O meu pai morreu quando eu tinha 28 anos. Lembro-me de em pequena ir a correr ter com ele quando chegava a casa e atirar-me ao pescoço aos beijos. Nas fotos também costumo aparecer pela mão dele... Lembro-me que em geral ele tinha mais paciência para nós do que a minha mãe, mas ele trabalhava até à hora de jantar. Ou seja, vejo agora que a minha mãe stay-at-home-mother, nos "aturava" o dia inteiro. Que não era assim tanto, não nos levava à escola, nem ía buscar como nós agora, havia empregada, férias nos avós...Ele levava-me ao cinema, às compras, à Feira do Livro. Uma vez comprou-me umas sandálias por 650 escudos, fiquei aflita, tão caras! Hoje seriam uns 100 euros, por aí...Mas a minha mãe tinha enxaquecas, passava muito tempo no quarto, era a depressão. Depois com a adolescência, comecei a não gostar do seu humor fino. "Que lindas calças!", "tinham de me pagar para ir sair agora, vão onde com esta chuva?", "não sais com essa t-shirt!"... Coisas de pai. Lamento agora os gritos com que respondia às vezes. Problemas tinha ele.
Agora os pais, muitos são de fim de semana, literalmente. Passam a semana sem os filhos, a trabalhar, e têem-nos à quarta e ao fim de semana. De repente ficam a dar muito valor aos seus filhos, perguntam pelas aulas, espreitam os computadores, compram-lhes coisas, levam-nos a sair. Sentem a falta de os por na cama e levantarem de manhã. Coisa que antes nem sequer faziam, mas enfim, agora fazem...