Os Lobos

No outro dia fui valentemente desautorizada em frente dos meus filhos. Pelo meu cunhado, claro, que tem a sensibilidade de um elefante. Num almoço de família o meu mais novo começa a beber o sumo do copo à colherada, com a colher de sobremesa. Eu rio-me e digo que em pequena fazia o mesmo. Devia ser hereditário. Aí diz o meu amigo "a tua mãe de ciências não percebe nada, para isso seriam precisos milhões de anos". Ok, é adquirido. Deve-me ter visto fazer o mesmo.
Os meus filhos ainda estão naquela idade em que me perguntam tudo, como se eu soubesse tudo.
Eu vou dizendo o que sei ou em questões mais espirituais "há quem pense que existe Deus e Jesus é seu filho, há quem ache que não....". Criacionismo versus Evolução, era o tema dos Simpsons, e depois eu que explique. Mas chateia-me que digam " a tua mãe disso não percebe nada".
Uma vez fui eu que fiz mais ou menos o mesmo à minha cunhada, que decidiu pôr-se a contar aos sobrinhos , de 2 a 6 anos, a história do Capuchinho Vermelho e o Lobo Mau que comia a avó. Aí eu , num dos meus dias "bons" digo-lhe que não quero que os meus filhos ouçam histórias de lobos maus, os lobos são criaturas em vias de extinção e eu educo-os a ver os animais como nossos amigos. O que é verdade. Eles em casa viam os Teletubbies e o D, já morria de medo só com o aspirador, quanto mais com contos de terror. Há as teorias francesas de que os contos de terror são o modo deles exorcizarem os medos que têm de outras coisas, mas também há um livro muito interessante sobre a psicologia das histórias infantis, em que elas não passam de metáforas sexuais... Por isso eu preferi a corrente inglesa/americana (Dr. Brazelton) do "politicamente correto".
Está bem, o lobo até podia querer roubar o cestinho à avozinha mas a capuchinho chamou o caçador e o lobo fugiu. Ninguém morreu e o lobo só tinha fome, e não se deve andar aí sozinha a falar com estranhos. O caçador é um polícia daquela época.