Quanto mais conheço as mulheres mais gosto da minha cadela


Há medida que vou envelhecendo vou perdendo a paciência. Antes gostava de toda a gente antes de prova em contrário. Não falava, mas ria-me e tal, depois mais velha comecei a falar pelos cotovelos. Com toda a gente, nas paragens de autocarro, nas lojas, comecei a parecer a minha mãe. E agora também falo, mas não gosto das pessoas. Ou melhor, gosto cada vez de menos pessoas. E na verdade estou-me nas tintas que gostem de mim. Deve ser da idade.
A única coisa que ainda me magoa é a rejeição. Se engraço com uma pessoa e começo a ser cada vez mais afastada, à medida que tento aproximar-me, chateio-me um pouco. Claro que percebo rapidamente a mensagem, tento disfarçar e continuar a falar com a pessoa, mas também esfrio e me afasto. E isto com homens e com mulheres, não estou aqui a atacar o género masculino.
Mas as mulheres são piores. Porque são, na maioria, hipócritas. Muitas conversinhas e risinhos e vira-se as costas e é facada, atrás de facada, metaforicamente falando, é claro. Mas como não sou parva, acabo por saber o que dizem e fazem nas minhas costas. Eu acho que sou mais como os homens. Se não gosto fico calada e vou acenando, dou umas respostas aqui e ali, mas é-me muito difícil disfarçar o desgosto.
Por isso gosto dos animais, e das crianças, também, que perguntam e dizem logo o que estão a pensar, para embaraço dos pais.
E gosto bastante dos animais. Se renascesse animal queria ser cão ou gato. Se fosse cão era exactamente a minha cadela. Andava ali a correr no parque, com os meus amigos, e se visse uma cadela ou cão que não conhecesse ía lá ver. Se me rosnassem ou olhassem de lado levavam logo uma esfregadela, o que as cadelas lhe costumam habitualmente fazer. Era logo uma dentada e vinha-me embora como ela a cuspir os pelos da boca. E os gatos também são fixes. Embora os feitios variem, são mais desconfiados, e quanto mais a pessoa se aproxima , mais eles recuam. Então se são crianças, pôem-se a salvo rapidamente. É por isso que as pessoas que detestam gatos, levam com eles invariavelmente no colo. Olha, uma pessoa interessante, que não me vem chatear, deixa cá cheirar, será confortável? e têm aquela dos ataques de maluqueira. Podem dormir uma tarde inteira e depois dá-lhes uma travadinha e desatam a correr pela casa e a patinar nos tapetes, sem razão aparente.
Li um poema inglês que nunca mais encontrei, em que a autora dizia que mal podia esperar para ser uma velha, vestir-se de lilás, e andar pelas ruas a falar sozinha com os seus pertences num saco de plástico, e um pau na mão a bater com ele nas grades dos jardins , à medida que andava.
Rimava tudo e era muito bonito, li na faculdade, mas perdi o livro. Eu devo vir a ser assim.
Como um gato, um um cão. à solta por aí. Parece-me bem, um pouco louca...

p.s. é o Warning! da Jenny,,,qualquer coisa.

Comentários

Carleone (Don) disse…
Identifiquei me completamente com seu texto! Estava pensando tudo isso que você escreveu antes de ler, com a diferença que não tenho nenhum animal de estimação...
Marias disse…
Voltei a ler isto hoje, e sou a mesma. O poema era When I grow old I ll wear purple.
Parece a Cat Lady dos Simpsons.

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