Le Papa est retourné
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Vivo em paz, mas de vez em quando, sou recordada do que aguentei, durante quinze anos, cinco de namoro a viver em conjunto, mais dez casada. As pessoas não mudam, e há outras muito ressabiadas.
Diz o filho, “ depois de virmos do Algarve , vamos uma semana com o papá para Londres. “
Ah, vão ? Não sabia. Estou-te a dizer. Muito bem, e não é preciso eu ir assinar nada, para teres licença de sair do país, ainda és menor ? Acho que não. Ah bom, ainda bem. Depois não me liguem do aeroporto para eu ir num instante ao notário. E para Londres, com estes ataque terroristas ? Devia dizer-lhe “ Vão à tua responsabilidade “, que foi o que me disse quando eu queria ir ao almoço na Curia com os meus familiares do lado da minha mãe.
Mas à minha responsabilidade estavam eles sempre, quando iamos ao supermercado os três, eu a empurrar o carrinho do bebé com os sacos pendurados e a filha a ajudar, quando os levava ao infantário e depois ao parque infantil e às festas dos amiguinhos e às vacinas e à avó. E depois de dez anos sem férias, pois as férias eram na Oura ou no Vale, comigo a lavar louça e a cozinhar ( ele fazia grelhados e eu o resto), fui passar uma semana sozinha (!) numa excursão à Grécia com a minha irmã e a sogra, senhora que já lá está, e era uma santa. E descobri que há vida depois da morte. No meio de idosos aposentados e alegres, sem ter de estar constantemente atenta a cães, pedras soltas, penhascos, estranhos, senti-me livre.
No alto do monte de Delphos, a olhar o por do sol, pensei “ Nunca mais, nunca mais passarei fome ! “. Não isso era no “ E Tudo o Vento Levou “. Mas foi a partir daí que comecei a ripostar, e quando disse que me ia divorciar dois meses depois, foi um processo difícil, mas seguro. Como com os meus empregos. Vou e faço e tento, não gosto e penso, não é para gostar, a vida é para trabalhar e a diversão é nos tempos livres. Mas como o casamento é um trabalho a tempo inteiro, e a vida é curta, temos de avaliar o que queremos. estabilidade e segurança ou liberdade? Liberdade. E temos os filhos, que são a única coisa que interessa.
Mesmo que seja por eles, que de vez em quando, tenhamos de voltar ao passado.
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