Hoje vesti-me de amarelo

É verdade que as cores influenciam o humor. Tenho aí algures uma foto com uma t-shirt amarela que foi um sucesso. Ou isso ou eu estar de mini saia. Mas hoje levei calças e um top sem mangas amarelo, e o cabelo apanhado e uns ténis Vans que comprei para mim.

Fui visitar a mãe, custa-me sempre tanto. Não pelo sítio, é no meio de árvores e há pássaros no jardim. O cão vem ter comigo e as empregadas sorriem-me. O local é espaçoso e as auxiliares falam muito alto, todos têm um ar artificialmente feliz. A Auxiliar que limpa com lixívia a casa de banho, para não cheirar ao xixi que fizeram no chão, a outra que dá o lanche na boca à senhora na cadeira de rodas fala-lhe de qualquer coisa . Uma que geme constantemente, no quarto a seguir à minha mãe, " então Nazaré, que é que temos, doi-lhe alguma coisa ? ", " não, sei lá....". E uma que fala aos gritos ininteligivelmente, como se lhe tivessem cortado a língua, e a filha responde-lhe....
Entro no da minha mãe, que tem a senhora da cama ao lado já deitada de pijama ( eram 16 h ). Ela  responde ao que eu pergunto à minha mãe. Hoje, por ir de amarelo,  quando fui ao armário e ela me disse " que é que estás a fazer ? " ( trata-me por tu ) , tirei-lhe a franja da cara e disse, " vou ver se a minha mãe tem pensos que cheguem ", e ela " fazes bem....".
A minha mãe estava de novo com camisola interior e camisa e casaco, mas agora a temperatura desceu, estão só 20 graus. Quis ir à casa de banho, mas tinha a fralda cheia de xixi, por isso não fez nada. Fui buscar outra fralda e pus-lha, com ela em pé. Ela disse para eu chamar a empregada , mas eu sei fazer, não me custa. Acho é que a pus ao contrário.
Lanchou no quarto. Apesar de eu ter dito que a levava lá baixo à sala, a empregada disse que ela estava fraca e agora queria comer no quarto. Assim só toma o pequeno almoço lá em baixo, fica até ao almoço na sala da TV onde está menos gente, almoça em baixo e vai dormir a sesta. Lancha no quarto, vestem-lhe o pijama e janta no quarto. Não vê TV, não lê, não fala com a da cama ao lado ( são ambas surdas ). Vi-lhe de novo as costas. Tem um eczema, uma crosta, que coça. Pensei que seriam escaras, na mesa de cabeceira tinha um medicamento Ascaribe ou coisa parecida. Li a papeleta e dizia que era para a sarna ? O que é certo é que se continua a arranhar. " Não podes estar sempre aqui deitada " digo eu, " vamos até ao jardim ". " Não posso, estou muito doente ". Não insisti mais pois podia começar a gritar " deixa-me ! ". Falei dos netos e perguntou pela minha irmã, disse que precisava de pensos. Ela é que compra essas coisas, pois tem o cartão multibanco dela. A mim pediu-me que lhe comprasse uns collants bons, cor de pele, para o casamento do neto. Que depois mos pagava. Disse que sim.  E se eu já tinha vestido. Disse que sim. Levo um dos que tenho ali.
Amarelo, como o da Stefanel. Se calhar vou lá comprá-lo.
Preciso de todo o sol que conseguir arranjar.

Comentários

Mau-tempo disse…
amarelo cor de luz, das páginas, do canário que sobreviveu à queda, das toalhas na corda da vizinha, o meio do semáforo, do papa-figos que atravessou a ladeira... fica-te bem, o amarelo

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