Protesto da geração à rasca
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Mais de 300 mil numa manifestação pacífica contra a precariedade de emprego, falta de emprego, crise, em Lisboa e no Porto. Foi convocada por jovens via mensagem de texto e facebook, para protestar contra as medidas tomadas e não tomadas para acabar com a crise económica que afecta o país desde há uns anos. Acabou por ter a participação de muita gente, não dos 18 aos 32 mas mais velhos, o que só demonstra que não estamos felizes.
Como podíamos estar? As pessoas saem da faculdade e não têm emprego. Ninguém está a empregar, ou só a recibos verdes, sem contratos. Vão para part times em hipermercados, vendas, telemarketing. No ensino está difícil entrar, estão a diminuir o numero de disciplinas, algumas que eram dadas por dois professores vão passar a ser dadas por um, baixaram os salários a quem ganha mais de 1500 euros mês...congelaram as promoções e subidas de escalão.
Eu sou contratada, tenho anos de experiência mas nenhum vínculo ao estado. Concorro e se ficar fico, mas o ano passado e este só fiquei em substituições. Este ano foi o ano todo. Mas como fui substituir uma prof, que se reformou o horário ficou pequeno, pois tiraram todas as componentes "não lectivas" que ela dava, fazer serviço no GIAP (gabinete de intervenção e apoio), aulas de apoio acrescido, e só dou mesmo as aulas. Ganhando menos, claro, que outra prof. mais graduada. Mesmo assim, acho que não estou mal.
A minha geração foi a da euforia dos anos 80, tiravamos o curso que nos apetecia e depois mandavamos uns CVs e íamos a umas entrevistas, alguma coisa se havia de arranjar. E se não, íamos dar aulas. Como havia falta de professores e na altura os alunos eram muitos (a população tem vindo a envelhecer, o que nos vale são os imigrantes) entrava qualquer um, com curso superior. Depois de uns anos fazia-se um estágio e entrava-se na carreira. Ou ía-se para outro emprego.
Depois há uns 14 anos, começaram os protestos dos estudantes, contra aumentos de propinas e exames obrigatórios no 9º ano. Nos protestos muitos alunos mostraram o rabo às camaras de tv (e não só o rabo...) e apareceu um artigo a chamar-lhes a "geração rasca".
Agora denominam-se "geração à rasca". E faz sentido.
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