Já chegamos à Madeira
Olha, estava à procura na net de imagens da Madeira e sai o Cristiano Ronaldo, o português típico. Não, não usamos bigode nem somos gordos. Isso era antes.
Está uma ventania, é só caixotes do lixo a voarem, árvores a abanar... Mas não chove. Ainda.
Depois das enxurradas na Madeira, das inundações no Funchal, o mar está a atacar as piscinas dos hoteis do Lido (onde eu fiquei). Mesmo assim morreram só cerca de 40 pessoas (num fim de semana alargado se calhar morrem outras tantas, na estrada). Mas é chato isto do tempo. Não tem graça, mas apetece-me copiar a crónica do Ricardo Araújo Pereira de 2008, acho.
"Todos os anos, Portugal é surpreendido duas vezes: uma vez pelo Verão e outra pelo Inverno. Nunca estamos à espera deles. Para o resto do mundo, a natureza é cíclica, monótona e repetitiva. Para nós, é uma caixinha de surpresas. "Olha, lá vem o Verão outra vez. E não é que traz novamente muito calor, este bandido? Se calhar devíamos ter feito uma limpeza às matas. Ops! , tarde demais, já está tudo a arder!". No Inverno, a mesma coisa. "Olha, lá vem o Inverno outra vez. E não é que traz novamente muita chuva este bandido? Se calhar devíamos ter feito uma limpeza às sarjetas. Ops!, tarde demais, já está tudo alagado". E assim sucessivamente.
Nunca cansa. E, no entanto, imagino que os jornalistas usem sempre a mesma notícia. Há dois ou três pormenores que mudam, como a marca dos helicópteros que combatem o fogo ou o número de viaturas que são arrastadas pela enxurrada, mas o resto é igual: "Violento incêndio ali", "Fortes chuvas acolá". Até os adjectivos que qualificam as catástrofes são previsíveis: os incêndios são quase todos violentos e é raro as chuvas serem outra coisa que não fortes. Não há memória de fortes incêndios e violentas chuvas. mas não é por isso que deixamos de receber as notícias com renovada surpresa."
in Novas Crónicas da Boca do Inferno, Tinta da China, 2009
Mas este ano é um exagero; tsunamis, neve em Washington, furacões...desabamentos...
Um pouco por todo o lado...
Está uma ventania, é só caixotes do lixo a voarem, árvores a abanar... Mas não chove. Ainda.
Depois das enxurradas na Madeira, das inundações no Funchal, o mar está a atacar as piscinas dos hoteis do Lido (onde eu fiquei). Mesmo assim morreram só cerca de 40 pessoas (num fim de semana alargado se calhar morrem outras tantas, na estrada). Mas é chato isto do tempo. Não tem graça, mas apetece-me copiar a crónica do Ricardo Araújo Pereira de 2008, acho.
"Todos os anos, Portugal é surpreendido duas vezes: uma vez pelo Verão e outra pelo Inverno. Nunca estamos à espera deles. Para o resto do mundo, a natureza é cíclica, monótona e repetitiva. Para nós, é uma caixinha de surpresas. "Olha, lá vem o Verão outra vez. E não é que traz novamente muito calor, este bandido? Se calhar devíamos ter feito uma limpeza às matas. Ops! , tarde demais, já está tudo a arder!". No Inverno, a mesma coisa. "Olha, lá vem o Inverno outra vez. E não é que traz novamente muita chuva este bandido? Se calhar devíamos ter feito uma limpeza às sarjetas. Ops!, tarde demais, já está tudo alagado". E assim sucessivamente.
Nunca cansa. E, no entanto, imagino que os jornalistas usem sempre a mesma notícia. Há dois ou três pormenores que mudam, como a marca dos helicópteros que combatem o fogo ou o número de viaturas que são arrastadas pela enxurrada, mas o resto é igual: "Violento incêndio ali", "Fortes chuvas acolá". Até os adjectivos que qualificam as catástrofes são previsíveis: os incêndios são quase todos violentos e é raro as chuvas serem outra coisa que não fortes. Não há memória de fortes incêndios e violentas chuvas. mas não é por isso que deixamos de receber as notícias com renovada surpresa."
in Novas Crónicas da Boca do Inferno, Tinta da China, 2009
Mas este ano é um exagero; tsunamis, neve em Washington, furacões...desabamentos...
Um pouco por todo o lado...
Comentários
Houve alguém que inventou esta metáfora e agora todos a usam. Os incêndios não lavram, queimam.
Ou estarei enganada? Não me apetece pesquisar agora isso, vejam vocês.